sábado, 28 de julho de 2018

Fins justificam os meios

Que valor tem uma vida
Se tantos nascem em todo lugar?

Gente que dá aos montes
Que está no fronte
Que se planta em terra
Cinzas que adubam o chão

Praga que infesta o mundo
Nem Inseticidas, nem guerras
Conseguem deter tal proliferação

Fruto de mutações
Parasitam o mundo
E em seu rastro: Miséria, lixo, destruição

Seres insignificantes
Que servem aos propósitos de seus desiguais
Construindo com seus corpos: Civilização



Fabrine Schwanz

sexta-feira, 8 de março de 2013

O que eu tenho para comemorar?

Dia 08 de março de 2013 – Dia internacional da Mulher. Pretensamente uma data escolhida para comemorar a conquista dos direitos das mulheres, selecionada para relembrar a luta das mulheres por direitos iguais, por liberdade de expressão, contra o preconceito, contra a violência. Desculpe-me, o que eu tenho para comemorar mesmo? O capitalismo, com sua necessidade voraz por mão-de-obra, impulsionou o trabalho infantil, impulsionou o trabalho feminino! E se a moeda de troca foram alguns direitos pingados, que tiveram que barganhar, saiu muito barato! Vale à pena fazer uma reflexão mais aprofundada sobre essa “CONQUISTA”, sobre a quem de fato interessa, quem está por trás dela e principalmente o que a gente realmente “GANHOU” com isso.

Para começo de conversa, vamos aos números! O que a gente realmente tem a comemorar? Quantos às diferenças salariais, as mulheres continuam ganhando cerca de 25% a MENOS que os homens. No Brasil as mulheres ocupam cerca de 42% do mercado de trabalho e em dez anos simplesmente dobrou o número de mulheres que SUSTENTAM a casa (37%), e com a presença do cônjuge esse número sobe para 46%. E mais um pequeno adendo, quem é que continua a cuidar dos filhos, a criar, educar, com um lindo, feliz e emotivo DIA DAS MÃES? Não vou nem me atrever a tirar conclusões sobre isso, mas para bom entendedor...

Agora vamos falar de violência, afinal vivemos em um mundo civilizado, que respeita as mulheres, que não tem preconceito! E por isso mesmo, 1 em cada 5 mulheres diz ter sofrido algum tipo de violência por parte de um homem. E com certeza esse número não condiz com a realidade, pois o MEDO e a VERGONHA são os maiores motivos que fazem com que essas agressões não sejam denunciadas. E viva a liberdade de expressão! As mulheres continuam a ser agredidas e mutiladas em alguns países, legitimados por costumes e crenças.

E eu poderia gastar muitas laudas falando sobre isso, sem esgotar todos os motivos de comemoração. Eu não estou subestimando a luta de algumas mulheres que deram suas vidas por igualdade, nem estou fazendo apologia ao retorno à situação anterior. Mas gostaria de dar uma pequena alfinetada neste dia, e nas reais forças que moveram essa história. Pois afinal eu tenho direito: sou MULHER, MÃE, PROFISSIONAL e CHEFE DE FAMÍLIA.

Fabrine Schwanz

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Guernica (Pablo Picasso)

Que o ser humano sente uma atração fatal pela morte, pela miséria e pelo sofrimento, não é novidade. Por que vocês acham que as páginas policiais, programas de tv sensacionalistas e vídeos bizarros tem tanta audiência? Agora, vale a pena refletir um pouco sobre isso! Sair cedendo à vontade mórbida de nosso inconsciente de se alimentar com destroços, desgraças e sofrimento alheio não me parece a coisa mais saudável do mundo, mas pior ainda é expor isso publicamente! Eu abro meu face e vejo gente postando aberrações humanas e animais, violência gratuita, a tristeza e inferno dos outros. Alguns ultrapassam o limite e chegam a colocar frases do tipo: quantas curtidas merece essa “desgraça”? Resposta: NENHUMA! Se fosse o indivíduo que postou essa atrocidade, que estivesse na situação da foto, ele certamente não “curtiria”! Existe uma indústria que se alimenta desse desejo mórbido, vampiros a quem diariamente se oferecem milhões de pescoços. Mas francamente, em cima do meu pescoço mora um cérebro, e ele faz questão de escolher o que quer ver! Por favor, não o surpreenda com imagens doentias no Facebook!

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Pobre Vitória!


Pobre Vitória!
Sempre insultada!
Adjetivo primeiro: provinciana.
Nem Bahia, nem Rio.
Praia de mineiro.
Pó de minério na cara.
Nem royalties, nem fundap.
Fadas e duendes, sim!
Metrôs de superfície, túneis londrinos...
Aquaviário integrado ao Transcol...
Mais fácil “asas” na 3ª Ponte!
E o nosso futuro?
Na mão de pessoas com bons dingles,
Com direito a Funk e Hip Hop,
E mais insultos e insultos.
Não sei se duvidam de nossa inteligência
Ou se tem absoluta certeza de sua ausência.
Mas enquanto a rinha não acaba,
Tem uma cidade inteira esperando.
Pobre Vitória! Pobre Vitória!
Tem exatamente o que merece!

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Marca: Uma imagem em questão

Desde que nascemos nos são emprestados alguns recursos simbólicos, significantes, valores, que nos possibilitam recobrir nosso corpo, nosso ser de alguma imagem em que possamos nos reconhecer. Em maior ou menor grau, falta sempre da parte do Outro um significante que nos dê a resposta sobre quem somos. De acordo com o investimento desse “olhar” do Outro sobre nós, somos dotados de mais ou menos recursos que nos possibilitam reconhecer-nos nessa imagem.
Algumas pessoas se fixam muito nessas imagens formadas pelo Outro, sem a menor possibilidade de libertação dessa imagem, que é sempre, imposta. Outros indivíduos sofrem pelo motivo contrário, de uma carência de imagem, de algo que possa dizer mais sobre eles.
Ambas as posições podem ser aprisionantes, de acordo com os recursos que durante a vida do sujeito. Existem dois pontos em que essa relação do sujeito com sua imagem é marcante. O primeiro momento ocorre nessa relação entre mãe e filho, ou com a pessoa que venha a ocupar o lugar dessa função materna. Esse é o ponto em que essa massa disforme, que é o bebê, ganha algum contorno, constituindo-se psíquica e até fisicamente. Portanto, o bebê vira “gente” alienado-se a significantes alheios. Essa alienação é necessária, pois a partir desses recursos mínimos ele pode constituir toda a sua subjetividade.
O segundo momento acontece quando essa relação com o espelho é abalada: a adolescência. Nessa fase o sujeito passa por uma série de drásticas alterações físicas e por uma grande mudança de posição em que ele ocupa perante os pais e a sociedade. Defronta-se com a passagem da infância para a fase adulta, está em luto pela criança que era e vai ter que abandonar. Nesse momento o peso que o grupo ocupa em sua vida supera o que os pais ocupam, e é no grupo em que vai buscar a sua imagem que vai ter que ser reconstruída.
E, nessa busca voraz por uma imagem que possa ser a sua imagem, criam-se os processos de identificação nos grupos. Uma relação quase tão alienante e constitutiva quanto a vivida em sua relação primordial com sua mãe. Atrás de uma subjetividade, de sua diferença, o adolescente torna-se igualzinho aos seus pares. É possível reconhecer as diversas “tribos” pelos seus modos de vestir, agir, falar. O adolescente está susceptível às propostas de uma possível resposta ao: quem sou eu?
Dentro de cada tribo, cada grupo, existem propostas de valores, mensagens, ou mesmo o pior, que impera na atualidade, uma grande carência destas. E qualquer coisa que possa vir a dar um corpo a isso que o grupo quer passar, ou que traga embutida consigo alguma proposta que o indivíduo possa se valer, para dar-se alguma imagem, entra como uma luva em uma mão despedaçada. Ou seja, a coisa passa a dar contorno ao indivíduo e sua imagem estraçalhada. No mundo em que vivemos hoje, dotado de uma extrema pobreza simbólica, destituído de valores e preceitos morais quem viria a fazer essa função? É neste ponto que entram: as marcas.
Essa “coisa”, esse objeto qualquer, portador de uma marca que traz consigo uma proposta, um propósito, uma imagem prontinha, redondinha e pré-fabricada, que casa perfeitamente com essa carência do jovem por uma imagem.
O Mercado percebeu isto, e passou a criar produtos com marcas que trazem em seu bojo aquilo que o jovem precisa ouvir, e o que nem sempre é aconselhável, o que ele quer ouvir, o que lhe é conveniente. E o próprio conceito de marketing está remetido a essa idéia: “a arte de fazer perceber valor”.
Assim, o Mercado torna-se a nova mãe dos nossos adolescentes. Uma mãe inescrupulosa que tem como único objetivo: o lucro, obtido através da dependência “imaginária” de seus filhos.
O negócio de muitas empresas deixou de ser a produção de bens e serviços há muito tempo. Hoje, preocupam-se apenas em produzir valores. São esses valores comprados nos tênis, nas roupas, nas pulseirinhas coloridas. São esses valores que encantam e seduzem os adolescentes. Não se trata se a coisa é útil, ou necessária, o desejo não está voltado para isso. O desejo busca o supérfluo, conceito que inclusive perdeu seu sentido na sociedade pós-moderna, que transforma o supérfluo em necessidade. Não interessa às empresas o que o cliente quer, e sim o que elas podem fazer com que eles queiram. Porque na verdade, ninguém sabe o que quer realmente, um adolescente com seus conflitos internos muito menos. As demandas não são geradas a partir de necessidades naturais, mas a partir de algum objeto que as precede. “É o produto que inventa a necessidade!” Inverte-se a lógica e criam-se pessoas para cada produto. As marcas estão na dimensão da fantasia, são constituidoras de imaginário, que diante de um simbólico fragilizado como o da adolescência, suprem a falta com significantes pré-fabricados, prometendo o gozo, calando angústias e impedindo a subjetividade. Sua eficácia e sucesso são determinados pela sua capacidade de revestir o sujeito de alguma imagem: “virilidade” de faz-de-conta, “poder” de compra, “liberdade” em aceitar o que é imposto, “status” descartável, e tantos outros que se compram em Shopings. Assim, o adolescente não precisa conviver com a falta, pois aí estão as marcas cheias de propostas, caminhos, horizontes.
A sua virulência atinge as mentes parasitáveis e abertas dos jovens, infectando-as com um poderio muito superior do que a influência sobre a de um adulto, que já está mais cristalizado. Com suas propostas de valor, as marcas inscrevem no inconsciente dos adolescentes programações que interferirão em sua vida adulta.
Na falta de marcas psíquicas, significantes que constituam sua subjetividade, é no corpo que estas marcas serão feitas ou usadas.
Pensando bem, em vistas a essa falta de valor imperiosa, a falta de significantes que infiram subjetividade: quem seriam nossos pobres jovens se lhes tirassem os tênis, as roupas, as pulseirinhas, os piercings e as tatuagens, afinal?






Fabrine Schwanz

Os sofrimentos do Poeta

Vem a inspiração...
Ando pela casa em busca de uma caneta.
Viro e reviro...
Onde está essa FILHA DA PUTA?

ACHEI!

Agora ...o PAPEL!
Os cadernos embaixo de uma lona empoeirada...
UMA FOLHA EM BRANCO!
Graças a Deus!

Então, sento-me sob a luz do luar e...


DROGA DE CANETA!
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DROGA DE CANETA!
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Fabrine Schwanz

sábado, 28 de novembro de 2009

Ao som da vida

Como em Bandolins, de Oswaldo Montenegro, eu comecei minha vida “rodopiando e enfrentando o mundo ao som dos bandolins”. Com os olhos bem fechados, girando meio fora do ritmo, lutando contra o mundo para sobreviver.
Certo dia eu parei e comecei a ouvir um som estranho. No começo, não entendi direito o que era. Aos poucos o som foi ficando cada vez mais nítido, mais alto. Era uma música! Cada nota ia ganhando vida, podia-se ouvir um coro, uma orquestra em sintonia. Pareciam vozes de anjos, cada movimento era emocionante e único. A melodia mais bela e surpreendente que já havia escutado! Eu estava diante da música da vida.
A medida em que aquela música penetrava minha alma, meu espírito se nutria, minha aura brilhava. Meu corpo foi sendo contagiado, impelido a mover-se. E quando me dei conta, estava dançando! Criava meus passos, girava e cantava, sem perder nunca o ritmo. Eu bailava ao som do mundo. Rodopiava ao som dos bandolins, celebrando a vida, lutando com o mundo ao meu lado em favor da vida.

Fabrine Schwanz