segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Lembretes a alma

Escrever para arrancar de dentro do peito as palavras que incomodam a alma. Com silêncio, empazinar alguns outros com suas próprias palavras, que regurgitadas no espelho, tem sempre o remetente como destinatário.

Viver o possível e o impossível, como se a nossa felicidade fosse o atestado de que escolhemos o melhor caminho.

Desejar mais sorte e venturas aos que se preocupam mais com as nossas pegadas, que com suas próprias vidas. O que é uma pena, pois cada caminho é único e o rastro que deixamos se apaga a cada passo que damos.

Mas devemos lembrar sempre, sempre, que por mais nocivas que sejam, estas manifestações, só podem vir de pessoas que nos admiram muito.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Insone tormento

Insone tormento
Jaze no leito
Doloroso lamento
Que trago no peito
Minha mente palpita,
Já não guarda o anseio
O vazio que dita
O que se esconde em meio seio.

Nostalgia da vida de outrora
De deleitar-me no âmago desejo
Sublimar-me às lascívias da carne
Naquele lugar profano que já não vejo.

Saudade! Antes palavra, agora companhia
Trago obturando a mente enorme agonia
Não vem na forma de um pensamento
Mas com suas vestes imponentes e cabelos ao vento.

Oh maldita saudade, por que fazes assim?
O que queres ao me abduzir assim?
Não me deixarei arrebatar desta forma
Vencerei a ti e regozijarei na glória.

E na esteira desta vida já surrada
Hora caminhos verdes hora desertada
Encontrarei em um sorriso o abrigo perfeito
Um alguém em um lugar que afague meu peito.

F. Schwanz
Petrus

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

No campo do Outro

No campo do Outro havia uma falta
Havia uma falta no campo do Outro
Havia uma falta
No campo do Outro havia uma falta

Não tenho com esquecer desta marcação
Na minha condição de objeto investido
Não tenho como esquecer que
no campo do outro havia uma falta
Havia uma falta no campo do Outro
No campo do Outro havia uma falta


F. Schwanz

O Fim

Eu sou o verme
O verme que se contorse
E se emaranha dentro de si mesmo
O breu consome minh’alma

Não há possibilidades!
Esse é o fim!
O fim da pulsação, dos pensamentos
O entorpecimento dos sentidos

No momento em que meu cérebro se deteriorar
E minhas lembranças terminarem
Partirei para uma vida nova
Se puder aqui não pisarei jamais

Viverei num outro mundo
Buscando mortos abraços
Mortos como eu,
Ou, quem sabe,
Até mais vivos.


Fabrine Schwanz

Sem sentidos

Eu preferia não ter ouvidos
Eu preferia ser surda
Eu preferia ser cega
Eu preferia ser muda

Se a imagem não me convém
Se as palavras não são as que quero ouvir
Eu prefiro não falar
Eu prefiro me omitir

Mas ouço, vejo e sinto!
Como posso reagir a isto?
Eu me magôo, eu emudeço, eu minto.

Fabrine Schwanz